Movimento dos Focolares

Janeiro de 2002

Todos os cristãos são convidados a rezar pela unidade neste mês e foi escolhida uma Palavra de Deus, tirada do Salmo 36, para ser meditada e vivida. Esta Palavra da Escritura nos diz algo tão importante e vital, que é capaz de ser um instrumento de reconciliação e de comunhão.
Antes de tudo, esta Palavra nos diz que Deus é a única fonte da vida. D'Ele, do seu amor criativo, nasce o universo, que se torna a casa do homem.
É Deus que nos dá a vida com todos os seus dons. O salmista, conhecedor de como são ásperos e áridos os desertos e do significado de uma nascente de água, com a vida que floresce ao seu redor, não podia ter encontrado uma imagem mais bela para cantar a criação que nasce, como um rio, do regaço de Deus.
Portanto, é natural que jorre do coração um hino de louvor e gratidão. Este é o primeiro passo a ser dado, o primeiro ensinamento a ser tirado das palavras do Salmo: louvar e agradecer a Deus pela sua obra, pelas maravilhas do cosmo e pelo homem vivente, que é a sua glória e a única criatura que lhe sabe dizer:

«A fonte da vida está em ti.»

Mas não foi suficiente para o amor do Pai pronunciar a Palavra com a qual tudo foi criado. Ele quis que a sua própria Palavra assumisse a nossa carne. Deus, o único verdadeiro Deus, fez-se homem em Jesus e trouxe à terra a fonte da vida.
A fonte de todo o bem, de todo o ser e de toda a felicidade veio ficar entre nós, para que a tivéssemos, por assim dizer, ao alcance de nossas mãos. “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância”, disse Jesus. Ele preencheu de si cada momento e espaço da nossa existência. E quis permanecer conosco para sempre, de modo a ser reconhecido e amado sob as mais diferentes vestes.
Às vezes chegamos a pensar: “Como seria bom viver no tempo de Jesus!” Pois bem, o seu amor inventou um modo de permanecer em todos os pontos da Terra e não mais limitado apenas à região da Palestina. Conforme a sua promessa, Ele se faz presente na Eucaristia. E ali podemos saciar a nossa sede para nutrir e renovar a nossa vida.

«A fonte da vida está em ti.»

Outra fonte de onde extrair a água viva da presença de Deus é o irmão, a irmã. Se nós amamos cada próximo que passa ao nosso lado, especialmente o mais necessitado, não podemos considerá-lo um nosso beneficiado, mas um nosso benfeitor, porque ele nos doa Deus. De fato, amando Jesus nele – “Pois eu estava com fome (…), estava com sede (…), eu era estrangeiro (…), estava na prisão (…),” – recebemos em troca o seu amor, a sua vida, porque Ele mesmo, presente nos nossos irmãos e irmãs, é a nascente para nós.
Uma fonte rica de água é também a presença de Deus dentro de nós. Ele sempre nos fala, e cabe a nós escutar a sua voz que fala na nossa consciência. Quanto mais nos esforçamos em amar a Deus e o próximo, tanto mais a sua voz se torna forte e supera todas as outras. Mas existe um momento privilegiado no qual, como em nenhum outro, podemos gerar a sua presença dentro de nós: é quando rezamos e procuramos aprofundar o nosso relacionamento direto com Ele, que habita no fundo do nosso coração. É comparado ainda a um profundo lençol d'água que jamais seca, que está sempre à nossa disposição e que pode saciar a nossa sede a cada instante. Bastará fechar por um momento as janelas da alma e recolher-nos para encontrar esse manancial, mesmo estando no mais árido deserto. Até alcançar aquela união com Ele na qual sentimos que não estamos mais sós, e somos dois: Ele em mim e eu n'Ele. Todavia, somos um – por sua graça – como a água e a nascente, a flor e a sua semente.
Portanto, nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos*, a Palavra do Salmo nos lembra que somente Deus é a fonte da vida e, por isso, da comunhão plena, da paz e da alegria. Quanto mais nos saciarmos desta fonte, quanto mais vivermos desta água viva que é a sua Palavra, tanto mais nos aproximaremos uns dos outros e viveremos como irmãos e irmãs. Então se realizará, como continua o Salmo: “Quando nos iluminais, vivemos na luz”, aquela mesma luz que a humanidade espera.

Chiara Lubich

 

Palavra de Vida – Dezembro de 2001

Estas palavras são decisivas para a nossa vida e o nosso testemunho no mundo.
Para explicar a conduta do cristão, Paulo gosta muito de empregar a imagem das vestes que o seguidor de Cristo deve usar. E também aqui, na Carta aos Colossenses, ele compara as virtudes, que devem tomar lugar no nosso coração, a muitas peças de roupa. São elas: a misericórdia, a bondade, a humildade, a mansidão, a paciência, a suportação, o perdão.
Mas, “acima de tudo, revesti-vos do amor” – afirma Paulo, quase que imaginando o amor uma cintura que une tudo e dá um perfeito caimento ao vestuário.
Portanto, é necessário o amor; porque para um cristão não basta ser bom, misericordioso, humilde, manso, paciente… Ele deve amar os irmãos e as irmãs.
Mas alguém poderá questionar: amar não é, por acaso, ser bons, misericordiosos, pacientes, saber perdoar? Sim, mas não é só isso.
O amor foi-nos ensinado por Jesus e amar consiste em dar a vida pelos outros.
O ódio tira a vida dos outros (“quem odeia é homicida”), o amor lhes dá a vida. Somente morrendo a si mesmo pelos outros é que cada cristão possui o amor. E se ele tem o amor – diz Paulo -, será perfeito, e todas as suas demais virtudes alcançarão a perfeição.

«Mas, acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.»

Certamente alguns de nós podem ter uma boa disposição para com os irmãos e as irmãs, perdoando e suportando. Mas, se observarmos bem, aquilo que freqüentemente nos falta pode ser justamente o amor. Mesmo com as mais santas intenções, a natureza nos leva a nos fecharmos em nós mesmos e, conseqüentemente, quando amamos os outros, usamos meias medidas.
Porém não somos cristãos se agirmos unicamente assim.
É preciso elevar o nosso coração à tensão máxima. Diante de cada próximo que encontramos durante o dia (na família, no trabalho, em toda parte), devemos dizer a nós mesmos: “Coragem, responda a Deus; é o momento de amar, com um amor tão grande que põe em jogo também a vida”.

«Mas, acima de tudo, revesti-vos do amor, que é o vínculo de perfeição.»

Esta Palavra do Apóstolo convida-nos, portanto, a examinar até que ponto nossa vida cristã é animada pelo amor, o qual, como vínculo de perfeição, é a ligação que nos leva à mais alta unidade com Deus e entre nós.
Agradeçamos, então, ao Senhor por ter derramado em nossos corações o seu amor, que nos torna sempre mais capazes de escutar, de identificar-nos com os problemas e com as preocupações dos nossos próximos; de partilhar com eles o pão, as alegrias e as dores; de derrubar certas barreiras, que ainda nos dividem; de deixar de lado certas atitudes de orgulho, de rivalidade, de inveja, de ressentimento por eventuais ofensas recebidas; de superar a terrível tendência à crítica negativa; de sair do nosso isolamento egoísta para colocar-nos à disposição de quem está em necessidade ou na solidão; de construir, por toda parte, a unidade que Jesus deseja.
É esta a contribuição que nós, cristãos, podemos dar à paz mundial e à fraternidade entre os povos, especialmente nos momentos mais trágicos da história.

Chiara Lubich
 

 

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Novembro de 2001

Lucas escreve o seu Evangelho depois que as perseguições contra os primeiros cristãos já haviam iniciado. Mas, assim como toda palavra de Deus, também esta Palavra de Vida é dirigida aos cristãos de todos os tempos e à sua vida de cada dia. Ela contém uma advertência e uma promessa. Aquela se refere mais à vida presente, enquanto que esta se aplica mais à vida futura. As duas se cumprem sistematicamente na história da Igreja e nas vicissitudes pessoais de quem procura ser um discípulo fiel a Cristo.
Para quem segue Jesus, é normal ser odiado. É o destino do cristão coerente, neste mundo. E, como Paulo nos lembra, ninguém deve se iludir: “Todos os que quiserem viver piedosamente no Cristo Jesus serão perseguidos”. Jesus explica o porquê: “Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como ama o que é seu; mas, porque não sois do mundo, e porque eu vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo vos odeia”.
Haverá sempre um contraste entre o modo de viver do cristão e o modo de viver de uma sociedade que rejeita os valores do Evangelho. É um contraste que pode levar a uma perseguição aberta ou velada, ou a uma indiferença que faz sofrer.

«E sereis odiados de todos por causa de meu nome. Mas nem um só cabelo de vossa cabeça se perderá».

Portanto, já estamos avisados. E quando recebermos ódio em troca do amor que procuramos dar – de uma maneira que nos parece incompreensível, fora de qualquer lógica ou bom senso -, uma tal retribuição não nos deveria desorientar, escandalizar, causar estranheza. Isso nada mais é do que a manifestação daquele antagonismo que existe entre o homem egoísta e Deus. Mas é também a garantia de que estamos no caminho certo, o mesmo que o Mestre percorreu. Portanto, é um momento para alegrar-se e exultar.
E é isso que Jesus quer: “Felizes sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem […] por causa de mim. Alegrai-vos e exultai”.
Sim, aquilo que deve predominar no coração nessa hora é a alegria, aquela alegria que é a nota característica, o distintivo dos verdadeiros cristãos em qualquer circunstância. Mesmo porque – e não podemos esquecer isto – são também muitos os amigos, entre os irmãos e irmãs de fé, e o amor deles é fonte de consolação e de força!

«E sereis odiados de todos por causa de meu nome. Mas nem um só cabelo de vossa cabeça se perderá».

Mas existe, ainda, a promessa de Jesus: “Nem mesmo um cabelo da vossa cabeça se perderá”. O que significam estas palavras? Jesus retoma um provérbio de Samuel e o aplica ao destino final dos seus discípulos, a fim de nos assegurar que, embora existindo verdadeiros sofrimentos – reais dificuldades por causa das perseguições – devemos sentir-nos inteiramente nas mãos de Deus que é um Pai para nós, que nos conhece plenamente e jamais nos abandona.
Se Jesus afirma que nenhum cabelo da nossa cabeça se perderá, é porque quer nos dar a certeza de que ele mesmo cuidará de cada preocupação – até a menor – com relação à nossa vida, àqueles que nos são caros e a tudo aquilo que tem importância para nós. Quantos mártires conhecidos ou desconhecidos encontraram nas palavras de Jesus a força e a coragem para suportar privações dos seus direitos, divisão, marginalização, desprezo, que pode chegar às vezes até à morte violenta, na certeza de que o amor de Deus permitiu cada coisa para o bem dos seus filhos!

«E sereis odiados de todos por causa de meu nome. Mas nem um só cabelo de vossa cabeça se perderá».

Se nos sentirmos alvo do ódio ou da violência, se nos sentirmos indefesos diante da prepotência, já conhecemos a atitude que Jesus nos indicou: devemos amar os inimigos, fazer o bem a quem nos odeia, bendizer quem nos amaldiçoa, rezar por quem nos maltrata.
É preciso partir para o contra-ataque e vencer o ódio com o amor.
De que modo?
Sendo nós os primeiros a amar. E cuidando para não “odiar” ninguém, nem mesmo de maneira escondida ou sutil. Porque, no fundo, este mundo que rejeita Deus tem necessidade d'Ele, do seu amor, e é capaz de responder ao seu apelo.
Concluindo, como podemos viver esta Palavra de Vida?
Sendo felizes em nos descobrirmos dignos do ódio do mundo – que é garantia de estarmos seguindo Jesus mais de perto – e mostrando com fatos que colocamos o amor lá, justamente lá, onde brota o ódio.

Chiara Lubich

 

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Outubro de 2001

Na sua história feita de longos exílios, Israel freqüentemente fazia a experiência de total impotência diante de acontecimentos que nenhuma força humana poderia ter mudado. E assim adquiria a humildade, ou seja, uma atitude de total dependência e plena confiança em Deus. E justamente na sua condição de povo humilde e pobre, muitas vezes Israel encontrava refúgio e acolhida somente n'Aquele que havia feito uma eterna aliança com o seu povo.
Além disso, na perspectiva messiânica, o esperado é um rei humilde que entra em Sião cavalgando um jumentinho, porque o Deus de Israel é sobretudo o “Deus dos humildes”.
E, uma vez que todas as expectativas se cumpriram em Jesus, é da sua vida e dos seus ensinamentos que poderemos colher a verdadeira humildade, aquela que torna a nossa oração agradável ao Senhor.

«A prece dos humildes atravessa as nuvens».

A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade. Ele, embora sendo Deus, primeiro se fez homem no seio da Virgem Maria, depois se fez pão na Eucaristia, e enfim se fez “nada” sobre a cruz.
Ele dissera: “Sede meus discípulos, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29); e depois, no lava-pés, ele que era o Mestre, se abaixara para fazer o mais humilde dos serviços. Tinha proposto como modelo as crianças e entrara em Jerusalém montado num jumento. E no final se deixou crucificar, anulando-se no corpo e na alma, para conquistar-nos o Paraíso.
Mas, por que tudo isso? O que movia o Filho de Deus?
Ele não fazia outra coisa senão revelar-nos o seu relacionamento com o Pai, o modo de amar da Trindade, que é um mútuo “fazer-se nada” por amor, uma eterna doação de um ao outro.
E Jesus derrama sobre a humanidade esse amor trinitário que alcança o seu auge justamente no ato de doar-se de maneira completa na sua paixão e morte.
Deus mostra, assim, a sua potência na fraqueza. O seu amor é daqueles que elevam o mundo, justamente porque se põe no último lugar, no degrau mais ínfimo da criação.

«A prece dos humildes atravessa as nuvens».

É, portanto, realmente humilde quem, seguindo o exemplo de Jesus, sabe fazer-se nada por amor aos outros, quem se coloca diante de Deus numa atitude de completa disponibilidade à sua vontade, quem está vazio de si mesmo a ponto de deixar que seja Jesus a vivê-lo.
E então a sua oração será atendida, porque quando ele pronuncia a palavra Abbá-Pai, não é mais ele quem reza; sua oração obtém aquilo que pede, pois é colocada em seus lábios pelo Espírito Santo.
O ponto culminante da vida de Jesus foi o momento em que ele “dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas àquele que tinha poder de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus” (Hb 5,7-8), ou seja, por causa da sua oração inspirada na total obediência à vontade do Pai, devido ao seu pleno abandono a Ele.
Eis, assim, a oração que atravessa as nuvens e atinge o coração de Deus; a prece de um filho que se levanta da sua miséria para lançar-se confiante nos braços do Pai.

Chiara Lubich

 

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Setembro 2001

O ensinamento de Jesus, neste caso, diz respeito ao uso da riqueza; e Lucas, o evangelista dos pobres, torna-se deles o porta-voz. O termo “Dinheiro” representa os bens materiais, mas aqui é usado por Jesus em sentido negativo, ou seja, como aquele conjunto de tesouros que, no coração humano, podem ocupar o lugar de Deus.
O perigo da riqueza está no fato de nos podermos afeiçoar a ela a ponto de termos que dedicar todas as forças e todo o tempo disponível para mantê-la e aumentá-la. Ela se torna um ídolo ao qual tudo deve ser sacrificado. Por isso Jesus compara a riqueza a um patrão que, de tão exigente, não tolera mais nenhum outro. É por este motivo que Jesus requer uma escolha sem reservas.

«Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro».

As palavras de Jesus não devem soar como uma condenação da riqueza em si mesma; ele condena o fato de que ela pode ocupar um lugar exclusivo no coração humano.
Ele não exige que todos tenham uma vida de pobreza absoluta, inclusive externa. Tanto é verdade que, entre os seus discípulos, existem ricos, como José de Arimatéia. O que ele exige é o desapego dos próprios bens. É preciso que o rico se considere não tanto dono quanto administrador dos bens que possui, bens que são primariamente de Deus, sendo destinados não somente a alguns privilegiados mas a todos.
A riqueza é um ótimo recurso quando serve a quem está passando necessidade, quando ajuda a fazer o bem, quando é usada para fins sociais, não apenas em obras de caridade, mas inclusive na gestão de uma empresa. Somente assim será possível utilizar os próprios bens sem deixar-se escravizar por eles.
Existe um grande perigo em acumular riquezas para si. Nós sabemos muito bem, por experiência e pela história, o quanto o apego aos bens desta terra pode corromper e afastar de Deus. Por isso não deve surpreender que Jesus seja tão firme ao exigir essa tomada de posição: ou Deus ou a riqueza.

«Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro».

Como, então, colocar em prática estas palavras?
Além de nos esclarecerem qual é a relação que devemos ter com a riqueza, elas, como qualquer palavra de Deus, nos ensinam muitas outras coisas.
Jesus não nos coloca diante da alternativa de aderir a Deus ou à riqueza. Ele afirma claramente que, na nossa vida, devemos escolher Deus.
Pode ser que, até hoje, ainda não tenhamos feito isto. Talvez tenhamos misturado um pouco de fé em Deus, alguma prática religiosa, uma certa dose de amor ao próximo, com muitas outras riquezas, pequenas ou grandes, que ocupam o nosso coração.
Analisando-nos bem, poderemos verificar se não damos mais valor ao trabalho, à família, ao estudo, ao bem-estar, à saúde, e a muitas outras coisas humanas que amamos apenas por elas mesmas ou por nós, sem qualquer referência a Deus.
Se isto acontece, o nosso coração já é escravo porque se apóia em grandes ou pequenos ídolos, incompatíveis com Deus.
O que fazer então? Tomar uma decisão. E dizer a Ele que não desejamos outra coisa senão amá-lo com todo o nosso coração, com toda a nossa mente, com todas as nossas forças. E depois, esforçar-nos para colocar em prática este propósito, que não é difícil se o atuarmos a cada instante, agora, no momento presente da nossa vida, amando tudo e todos unicamente por Deus.

Chiara Lubich

 

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Agosto de 2001

No Antigo Testamento o fogo simboliza a palavra de Deus pronunciada pelo profeta. Mas simboliza também o juízo divino que purifica o seu povo, passando no meio dele.
Assim é a palavra de Jesus: ela constrói, mas ao mesmo tempo destrói tudo aquilo que não tem consistência, aquilo que deve cair, aquilo que é vaidade, e deixa em pé somente a verdade.
João Batista dissera a respeito de Jesus: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”, preanunciando o batismo cristão, inaugurado no dia de Pentecostes com a efusão do Espírito Santo e a aparição das línguas de fogo.
Portanto, é esta a missão de Jesus: lançar o fogo sobre a terra, trazer o Espírito Santo com a sua força renovadora e purificadora.

«Eu vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!»

Jesus nos doa o Espírito. Mas de que modo age o Espírito Santo?
Ele age derramando em nós o amor, aquele amor que, conforme seu desejo, devemos manter aceso em nossos corações.
E como é esse amor?
Não é um amor terreno, limitado; é um amor evangélico. É universal como o amor do Pai celeste, que manda a chuva e o sol para todos, para os bons e os maus, inclusive para os inimigos.
É um amor que não espera nada dos outros, mas que toma sempre a iniciativa, é o primeiro a amar.
É um amor que se “faz um” com toda e qualquer pessoa: sofre com ela, alegra-se com ela, preocupa-se com ela, espera com ela. E faz isso concretamente, com os fatos, quando se apresenta a ocasião. Portanto, é um amor não simplesmente sentimental, não só feito de palavras.
É um amor que nos faz amar Cristo no irmão e na irmã, porque nos faz lembrar aquelas suas palavras: “… a mim o fizestes”.
É, ainda, um amor que tende à reciprocidade, que busca realizar com os outros o amor recíproco.
É este amor que, sendo expressão visível, concreta da nossa vida evangélica, reforça e confirma a palavra que, em seguida, poderemos e deveremos oferecer para evangelizar.

«Eu vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!»

O amor é como o fogo: o importante é que permaneça aceso. E, para que isso aconteça, é preciso sempre queimar alguma coisa. A começar pelo nosso eu egoísta; e nós o conseguimos porque, quando amamos, estamos completamente projetados no outro: ou em Deus, cumprindo a sua vontade, ou no próximo, ajudando-o.
Um fogo aceso, ainda que pequeno, se for alimentado pode tornar-se um grande incêndio. Aquele incêndio de amor, de paz, de fraternidade universal que Jesus trouxe à terra.

Chiara Lubich

 

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